REPORTAGENS


TIRA-TEIMA DA PESADA

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Quando o assunto é picape, o consumidor brasileiro toma partido. Tal como equipes de futebol, Chevrolet D-20 e Ford F-1000 possuem verdadeiras torcidas. Aqui você vai ficar sabendo qual a melhor.

Teste e Reportagem Paulo Campo Grande, Fotos Marco De Bari, Edição Celso Unzelte

A paixão dos picapemaníacos nacionais obedece até a um mapa: a D-20 é preferida na região central do país. A F-1000, mais forte no Nordeste. Nas demais regiões, a disputa é acirrada. Em Limeira, no interior de São Paulo, por exemplo (onde QUATRO RODAS realiza seus testes), a D-20 chamou mais atenção do que a F-1000. Isso apesar de seu projeto antigo - que, em tese, todo mundo já estaria cansado de ver. Mas como paixão é paixão, a velha picape ainda mantém seu fã-clube. Mesmo às vésperas da aposentadoria: embora não pareça, ela nem sequer continua sendo fabricada pela General Motors, sobrevivendo apenas com o que resta nos estoques. E será substituída em breve pela Silverado, que vem da Argentina.

Como ainda existem cerca de 1.000 D-20 espalhadas pelo país (e a pedido de uma legião de leitores), resolvemos ver como ela se sai em um confronto com sua tradicional rival. Que, verdade seja dita, oferece mais atrativos - e, por isso, acabou ganhando esse tira-teima. Derivada da antiga F-100 (lançada em 1957), a F-1000 nasceu em 1979. De lá para cá, passou por uma série de remodelações, a última no ano passado, para a linha 97. Enquanto isso, a D-20 permanecia a mesma. Apesar dessa diferença de idade, a vitória da F-1000 não foi tão fácil assim.

A D-20 compensou o fato de ter um projeto antigo, oferecendo conforto.

Algumas de suas qualidade são inquestionáveis: a suspensão é mais macia que a da F-1000 e a direção hidráulica, muito leve. Os acionamentos dos pedais e da alavanca de câmbio podem ser feitos de maneira suave. Somente em longas viagens a real diferença entre as duas começa a aparecer mais claramente. Os bancos da D-20, fofos demais, cansam os passageiros. Nesse ponto, a F-1000 é melhor. Seus assentos são firmes e sustentam bem o corpo, especialmente o do motorista. Quanto aos comandos de pedais e do câmbio, nenhum reparo a se fazer na F-1000 - que oferece, também, melhor posição de dirigir. Seu painel é simples e ergonômico, com os instrumentos bem à mão. A única falha está no posicionamento dos comandos dos vidros elétricos. Instalados nas portas, eles ficam muito fora de alcance dos ocupantes.

O painel da D-20, por sua vez, tem linhas antiquadas. É muito recortado, com vários pequenos compartimentos para cada instrumento. Garante, ao menos, ao motorista, as mesmas informações da F-1000 (velocímetro, conta-giros, indicadores de pressão do óleo, pressão do turbocompressor, nível de reservatório de diesel). A rigor, a D-20 só volta a sobressair no que diz respeito à visibilidade, mas por pura exclusão. Isso porque, nesse sentido, as duas picapes não servem de exemplo para nenhum outro carro. Apesar de dirigir em uma posição mais alta, que proporciona vista panorâmica do trânsito, os motoristas de ambas não enxergam os limites de suas carrocerias. As colunas laterais também atrapalham as manobras de conversão ou mudança de direção, tanto em uma quanto na outra. Ainda assim a D-20 consegue ser menos ruim porque seu espelho retrovisor interno cobre uma área maior do vidro traseiro.

O acabamento de ambas é rústico.

Uma herança de suas versões básicas. Nas duas, os comandos do ar-condicionado são extremamente simples. E não há espelhos no lado interno dos pára-sóis dos passageiros. Isso causa espanto, principalmente quando se pensa que as picapes testadas eram as tops de linha de suas marcas, as mais completas em termos de equipamentos. A D-20 Custom De Luxe conta, como itens de série, com direção hidráulica, freios com sistema antitravamento (ABS) nas rodas traseiras, diferencial com escorregamento limitado (Positracion), vidros coloridos e alarme. Ar-condicionado, vidros, travas elétricas, rádio/toca-fitas e rodas de alumínio são opcionais. Já a F-1000 HSD XLT vem com um pacote fechado de equipamentos. Traz direção hidráulica, ABS no eixo traseiro, vidros verdes, rodas de alumínio, vidros e travas elétricas e ar-condicionado. A Ford simplesmente se esqueceu do rádio/toca-fitas, item que não existe nem sequer como opcional. Uma D-20 Custom De Luxe, completa, sai por R$ 37.000. A F-1000 HSD XLT, por R$ 35.857. Em termos de valorização na hora da revenda, não há o que discutir: enquanto uma está em pleno vigor, a outra sairá de cena em breve. A chegada da Silverado, portanto, indica que quem comprou uma F-1000 recentemente fez melhor negócio. Fãs incondicionais da picape da GM, entretanto, podem aproveitar a ocasião de sua retirada para adquirir uma das últimas unidades em estoque por cerca de R$ 2.000 abaixo do preço de tabela.

Em relação ao desempenho, a D-20 fez valer seu motor maior. Os resultados na prova de retomada de velocidade confirmam isso. Equipada com um motor de 4 litros, que gera 150 cv a 2800 rpm e alcança torque de 46,5 kgfm a 1400 rpm, ela deixou para trás a F-1000, com seu motor de 2,5 litros, 115 cv a 4000 rpm e torque de 26,5 kgfm a 1800 rpm. A F-1000 só superou a D-20 no teste de velocidade máxima: 147,3 km/h contra 143,1 km/h. Mas em termos práticos é preferível alcançar melhores acelerações e retomadas, características que contam pontos em termos de segurança - a D-20, por isso é a picape que transmite mais confiança ao motorista na hora de realizar uma ultrapassagem.

O motor da F-1000 pode ser menor, mas é mais moderno. E, por isso mesmo, rende maior potência por litro e é mais silencioso. A diferença de nível sonoro no interior das cabines é considerável. E pesa a favor da F-1000: enquanto o motorista da D-20 viaja com 70 dB(A), em média, nos ouvidos, o que vai de F-1000 só ouve, em média, 65 dB(A). A F-1000 oferece, ainda, outras compensações. Sua suspensão mais firme, garante maior estabilidade. No teste de aderência lateral (que serve como indicador da estabilidade do carro), as duas picapes conseguiram a mesma marca: 0,84g. Mas a carroceria da F-1000 oscilou menos, ajudando o motorista a mantê-la sob controle.

Na prova de frenagem, as duas picapes exigiram habilidade do piloto.

A D-20 levou ligeira vantagem, mas também deu mais trabalho. Vindo a 80 km/h, freou em espaço menor - 35,7 metros contra 37,1 metros da F-1000. Mas, na prática, exigiu maior cuidado para que as rodas não travassem. Em ambos os casos, o ABS no eixo traseiro ajudou. O problema, porém, são os pneus de uso misto que equipam as duas picapes. Eles possuem sulcos bem definidos, que diminuem a aderência e provocam o travamento das rodas. Por isso, não realizamos freadas em piso molhado. Nessa situação crítica, as rodas da frente, sem ABS, fatalmente travariam. O ABS serve apenas para o controle da trajetória, o que, dependendo da hora, é uma bênção. Com a caçamba vazia, a tendência ao travamento traseiro é maior. E, quando isso ocorre, o motorista perde a direção.

As picapes empatam tecnicamente na capacidade de carga. A F-1000 suporta 1.080 kg, a D-20 leva 1.110 kg. Em volume, nova coincidência: segundo nossa medição, considerando-se o vão da caçamba até a altura do teto, a F-1000 comporta 3,90 m3 e a D-20, 4,0 m3. Internamente, ambas oferecem lugar para três ocupantes.

A Ford conta, atualmente, com 418 concessionários e a General Motors, com 480. O período de garantia da picape F-1000 é de um ano, sem limite de quilometragem. Já para a D-20 é de dois anos ou 50.000 km. A D-20 tem a vantagem da assistência mecânica autorizada 24 horas em todo o país, pelo plano Road Service. Atualmente, por tudo que analisamos aqui, a F-1000 é melhor que a D-20, até porque é mais moderna e, atualmente, corre sozinha. Mas deu para notar também que a D-20 vai deixar saudade. Pelo menos até a Silverado chegar.

A nova D-20 já está chegando

A General Motors guardou segredo o quanto pode. Mas quando um de nossos leitores gaúchos mandou as fotos que aparecem abaixo, não havia mais como negar: a Silverado, que está chegando este mês ao mercado, vinda da Argentina, será a nova picape da linha. Pelas fotos é possível ver que ela é bem semelhante à picape de mesmo nome vendida nos Estados Unidos. Ao contrário, porém, do que fez com a S-10 (que passou por várias alterações para ser comercializada aqui), a GM preferiu manter o gosto americano. Externamente, as diferenças resumem-se a um friso lateral e ao tipo da letra que identifica o modelo. As versões fotografadas eram equipadas com o mesmo motor 4.3 V6 da Chevrolet Blazer. Possuíam duas categorias de acabamento (básico e luxuoso) e carrocerias de cabine simples. Elas são as primeiras a chegar ao Brasil. Aportam aqui, via Mercosul, como produtos nacionais. Com o tempo, é certo que virão outras versões, a exemplo do que acontece com a linha lá fora e com a S-10 nacional. Pode-se esperar, portanto, uma Silverado com cabine estendida e outra com cabine dupla. No futuro também deverá chegar uma substituta da Veraneio.

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O teste de Quatro Rodas

A D-20 conseguiu melhor desempenho. Apesar de ter um motor mais moderno, a F-1000 não superou a rival D-20 nas provas de aceleração e retomada de velocidade.

  F-1000 D-20
Aceleração    
0 a 60 km/h 74,0 m em 7s09 74,6 m em 7s47
0 a 80 km/h 158,2 m em 11s39 170,4 m em 12s34
0 a 100 km/h 339,6 m em 18s59 340,1 m em 19s09
0 a 120 km/h 631,5 m em 28s10 695,0 m em 30s57
0 a 400 m 104,9 km/h em 20s71 105,3 km/h em 21s18
0 a 1000 m 130,8 km/h em 38s60 129,7 km/h em 39s35
Retomada Com ar-condicionado Sem ar-condicionado Com ar-condicionado Sem ar-condicionado
40 a 60 km/h 244,1 m em 17s92 211,3 m em 15s39 193,1 m em 14s12 169,7 m em 12s35
40 a 80 km/h 463,1 m em 29s33 409,9 m em 25s72 365,9 m em 23s08 332,8 m em 20s79
40 a 100 km/h 718,0 m em 39s47 651,4 m em 35s34 568,6 m em 31s18 535,9 m em 28s90
40 a 120 km/h 1141,8 m em 53s24 1038,6 m em 47s94 933,9 m em 43s02 871,9 m em 39s84
Velocidades    
Máxima 147,3 km/h 143,1 km/h
Por marcha 1ª 39km/h; 2ª 65 km/h; 3ª 94 km/h; 4ª122 km/h; 5ª 147 km/h 1ª 37 km/h; 2ª 55 km/h; 3ª 84 km/h; 4ª 116 km/h; 5ª 143 km/h
Aderência lateral    
  0,84 g 0,84 g
Frenagem*    
60 a 0 km/h 20,9 m 20,2 m
80 a 0 km/h 37,1 m 35,7 m
100 a 0 km/h 58,0 m 55,8 m
120 a 0 km/h 83,5 m 80,3 m
Consumo Com ar-condicionado Sem ar-condicionado Com ar-condicionado Sem ar-condicionado
Consumo médio 10,64 km/l 11,39 km/l 9,16 km/l 12,35 km/l
Na cidade 9,80 km/l 10,11 km/l 9,04 km/l 10,90 km/l
Na estrada, a 100 km/h        
Vazio 11,78 km/l 13,01 km/l 9,66 km/l 14,27 km/l
Carga total 11,19 km/l 12,35 km/l 8,91 km/l 13,35 km/l
Nível de ruído - dB(A) Interno - com ar Interno - sem ar Interno - com ar Interno - sem ar
Média 65,8 64,9 71,6 70,0
Ponto morto 53,8 56,7 58,8 57,7
20 km/h em 1ª marcha 64,2 58,8 68,8 66,7
40 km/h em 2ª marcha 66,0 65,0 72,1 71,9
60 km/h em 3ª marcha 65,7 64,9 71,1 70,8
80 km/h em 4ª marcha 66,7 65,1 72,1 70,8
100 km/h em 5ª marcha 66,9 67,0 72,0 71,4
* pista seca

Fonte: Quatro Rodas, Ano 37, Nº 440, Março/1997
Reportagem gentilmente enviada por Daniel Martinelli.

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