REPORTAGENS


SILVERADO: DUAS VERSÕES, TRÊS MOTORIZAÇÕES

Novo Pickup do Ano premia mais uma vez a General Motors, que concede à categoria detalhes inéditos de motorização e itens de conveniência.

Texto: Roberto Queiroz - Fotos: Luca Bassani

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A General Motors do Brasil, que já havia vencido o concurso Pickup do Ano duas vezes com o S10, obtém mais uma premiação máxima com o recém-lançado Silverado, anunciado pela montadora como um veículo que renova por completo o conceito de utilização de pickups full size no Brasil.

A disputa envolveu concorrentes de respeito como Ford Ranger, Mercedes-Benz Sprinter, Mitsubishi L200 e Toyota Hilux. Apesar de constantemente obter premiações importantes com seus veículos, a empresa considera o momento desta conquista extremamente apropriado. Devido ao lançamento ainda recente da linha Silverado, o prêmio serve como reconhecimento da qualidade e recursos de um produto que o grande público ainda não teve tempo hábil para testar e apreciar.

O Silverado é apresentado em três versões de motorização: 4.1 a gasolina, diesel aspirado e diesel turboalimentado. E duas configurações de acabamento, a mais simples STD e a sofisticada DLX. O Silverado brasileiro tem as mesmas linhas do modelo americano, em uma combinação de itens como excelente ergonomia, elevado nível de acabamento e um novo chassi que reproduz a robustez de seus antecessores da Série 20.

Fabricado na Argentina, já neste ano sua produção deverá atingir 14 mil unidades. O Silverado inova em particularmente dois aspectos: os itens de conveniência para um veículo dessa categoria e a introdução de um motor inédito, o MWM Sprint 6.07T, um diesel turboalimentado de seis cilindros, do tipo HSD (High Speed Diesel), de alta rotação.

O Sprint tem como principais inovações o comando de válvulas no cabeçote e as três válvulas por cilindro, que repetem uma solução encontrada em motores de ciclo Otto (a gasolina) de alto desempenho, sendo duas para admissão e uma para escape.

Trata-se de um motor revolucionário tanto no desempenho quanto em sua colaboração para a dirigibilidade de um veículo desse porte. Sua aceleração é simplesmente fantástica para um pickup a diesel. Vai de zero a 100/h em 15,9 s e atinge velocidade máxima em quinta marcha de 168 km/h, uma coincidência de 1 cv por km/h, superando nesses itens o poderoso motor 4.1 a gasolina.

Um High Speed é um motor diesel que se comporta com uma elasticidade de ciclo Otto. Por isso, atinge 3.800 rpm em potência máxima, com rotação de corte a 4.200 rpm. Outros pontos de aproximação com um motor a gasolina são os baixíssimos níveis de ruído e vibração. Quem tem como referencial de motor diesel um propulsor pesado, barulhento e que faz vibrar até o certificado de propriedade do veículo não vai reconhecer no Sprint tais características. A sensação do motorista, e isso é positivo, é de ter um motor de carro de passeio.

O motor Sprint disputa com o Powertech aplicações tanto de passeio quanto de trabalho, ambos tendo as mesmas opções de acabamento, STD ou DLX. Mas o diesel normal, o mesmo Maxion S4 naturalmente aspirado que já equipava o D-20, só está disponível em veículos na versão STD, o que configura claramente uma opção mais espartana para trabalho.

O motor Powertech a gasolina ficou mais silencioso. A causa é uma modificação no sistema de arrefecimento, que agora conta com um ventilador acionado por motor elétrico na versão sem ar-condicionado e dois ventiladores elétricos na versão com ar-condicionado, como o Omega 4.1. Como tais ventiladores não funcionam mais o tempo todo, o nível de ruído caiu.

Itens de Conveniência - Seguindo uma tendência do design moderno, o Silverado não possui quebra-ventos. O estilo, apontado como destaque em clínicas realizadas antes do lançamento, denota força e certa imponência. A disposição das luzes direcionais, além de funcional, destaca a silhueta do pickup de forma inconfundível.

A grade e o pára-choque cromados, com spoiler, além do chamado "borrachão", fazem a diferença externa entre as versões DLX e STD. O modelo das rodas também. Mas não é difícil personalizar um Silverado. A promessa de longevidade da linha está estimulando o lançamento de vários kits estéticos alternativos.

Dentro da cabine, o painel de aspecto moderno causa boa impressão. O objetivo de deixar o veículo parecido com um carro grande, em vez de um caminhão, foi atingido. Para quem roda sozinho, poder alcançar o fecho do porta-luvas é um conforto bem-vindo. Outra boa sacada são os dois conjuntos de porta-copos/latas de refrigerante.

O conjunto de instrumentos é bastante completo e, para muitos proprietários, pode ser novidade o recurso das setas dos indicadores de direção, que permitem num relance saber para que lado estão acionadas.

A existência de dois pontos de tomada de energia elétrica (além do destinado ao acendedor de cigarros) é também um destaque inovador. Com eles é possível alimentar simultaneamente outros equipamentos, como telefone celular.

O ar-condicionado integral frio e quente é outro recurso típico de automóveis, devido ao comando de recirculação do ar interno. O limpador de pára-brisa, além das duas velocidades habituais, tem mais seis intervalos de ajuste do funcionamento intermitente. Mas os espelhos retrovisores externos, apesar do elegante novo desenho, continuam com uma trepidação excessiva em movimento, atrapalhando o motorista.

O sistema antitravamento dos freios (ABS) é componente de série na traseira e opcional na dianteira. O desempenho do Silverado nos testes de freada foi considerado seguro, mas normal. As três versões diferentes apresentaram resultados equilibrados nas distâncias de parada.

As barras de proteção nas portas são recursos dos projetos mais modernos. Felizmente, não precisaram ser testadas na prática.

A dirigibilidade foi um ponto alto dos três modelos, com destaque nesse item para os veículos equipados com os motores turbodiesel e a gasolina, devido ao torque. Mas a combinação das suspensões dianteira e traseira com pneus de última geração e com os sistemas de direção teve papel preponderante nesse aspecto, bem como na sensação de segurança que o Silverado transmite.

Também merecem destaque as medidas tomadas contra ruído e poeira, bastante eficientes, o que é importante em um veículo concebido para rodar em estradas não pavimentadas.

Controle do movimento - A suspensão dianteira do Silverado, com grande curso, anula as conhecidas pancadas provocadas por buracos e valetas. Independente, tem braços de controle inferior e superior de comprimentos diferentes (short-long arms). Essa é uma solução tão boa que a Ford americana acabou de abandonar o sistema de eixo duplo oscilante em favor do utilizado na Série 20 e agora no Silverado.

O centro de rolagem (roll center) elevado, que é importante detalhe construtivo da suspensão dianteira do Silverado, concilia grande distância do solo com redução da inclinação da carroceria. Itens complementares, as molas helicoidais e os amortecedores hidráulicos apresentam calibração correspondente a cada motorização, por conta das diferenças em peso.

A suspensão traseira tem o detalhe da ligação do eixo rígido ao chassi por meio de um feixe de molas de duplo estágio com pastilhas anti-ruído entre as lâminas. Para reduzir a temperatura de trabalho e a conseqüente perda de ação em casos de solicitação excessiva, os amortecedores agora têm um tubo-reservatório de óleo expandido, de grande volume.

Uma prestação de serviço simples, porém de grande utilidade, é a indicação da pressão correta dos pneus tanto para o veículo vazio como carregado.

Uma das maiores diferenciações entre o pickup Silverado e a concorrência é o sistema de direção Servotronic, item de série para a versão DLX. Ele condiciona o grau de assistência hidráulica à velocidade desenvolvida: quanto maior for, mais "pesada" ficará a direção e vice-versa. Dessa maneira, o motorista terá a sensibilidade de direção correta em qualquer situação. A direção da versão STD tem assistência hidráulica convencional, de relação variável.

Mas, se andar bem é importante, parar na hora certa não é menos fundamental. Os freios usam discos ventilados na dianteira e tambores na traseira. A combinação com o ABS proporciona um controle perfeito sobre o processo de parada do veículo. Sua aplicação nas quatro rodas permite fazer uso de um recurso dito como perigoso em veículos equipados com sistemas convencionais: mudar de direção durante a freada, ação muitas vezes necessária para evitar um atropelamento.

O freio de estacionamento ainda é acionado por pedal, mas a montadora sustenta que essa é a solução mais conveniente e prática em um pickup full-size. Mais barata, por certo, mas um sistema pneumático de travamento, com um botão de pressão no painel (assim como o dos caminhões GMC 6-100 e 6-150, que usam a mesma cabine do Silverado) seria um pouco mais moderno.

Motor Sprint é salto tecnológico

O mérito de o MWM Sprint 6.07T ser o único HSD de seis cilindros em linha do mundo aplicado a um veículo comercial tem sua razão de ser. Seu desempenho é realmente diferenciado e seu controle de emissões tão eficiente que já atende à fase IV do Proconve, prevista para entrar em vigor em 2000.

Suas características construtivas revelam várias vantagens do projeto. Por exemplo, como o bloco não é uma peça de desgaste, as camisas são secas e removíveis para simples e rápida substituição. O bloco, aliás, segue um design de dimensões compactas, leveza e elevada rigidez. As laterais não têm contato com os mancais, o que minimiza seu deslocamento e a propagação de ruído. Manutenção e serviço são favorecidos por itens como as guias e sedes de válvulas substituíveis. Todo o acionamento de componentes como bomba d'água, bomba hidráulica e bomba injetora é feito por engrenagens, eliminando o risco de quebra de correias. O posicionamento do lado do volante minimiza o ruído de engrenamento.

A eficiência operacional pode ser sentida em recursos como o eixo comando de válvulas único no cabeçote (SOHC), que minimiza as perdas por atrito mesmo em elevadas rotações. As 18 válvulas, ou três por cilindro, permitem melhor admissão do ar, melhor combustão e elevado desempenho. O desenho do cabeçote, do tipo cross flow, reduz o consumo e as emissões.

No caso específico do Silverado, os bicos injetores com cinco furos e o conjunto porta-injetor do tipo duplo estágio aumentam a eficiência da combustão e ainda reduzem o nível de ruído. O uso de motores HSD é uma tendência mundial crescente em veículos comerciais leves.

Fonte: Autoesporte, Nº 389, Outubro/1997
Reportagem gentilmente enviada por Eduardo Dantas

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