REPORTAGENS


Chevrolet Grand Blazer DLX 4.1
A VERANEIO ESTÁ DE VOLTA

A Chevrolet retorna ao segmento dos grandes utilitários. E, pelo jeito, vai continuar sem concorrência....

Derivada em estilo e mecânica da picape Silverado, a Grand Blazer repete aqui conhecidas fórmulas norte-americanas de multiplicar as alternativas de mercado na faixa dos utilitários. Quem porventura estiver descontente com o porte da Blazer, por exemplo, encontrará na Grand Blazer a resposta adequada às necessidades. Pelo menos, em espaço interno, é claro.

Fabricada em Córdoba, na Argentina, ela nasceu primeiramente nos Estados Unidos sob o nome Chevrolet Tahoe. Para os brasileiros, o utilitário de 5,05 metros de comprimento apresenta contradições: embora seu projeto original descarte qualquer semelhança com a antiga Veraneio, a GM daqui acabou por resgatá-la ao instalar nela o sexagenário motor 4.1MPFI, que se popularizou durante anos por equipar o Opala, mas que foi utilizado também na Veraneio.

Obviamente o motor recebeu aperfeiçoamentos, mas nada drástico: se a injeção eletrônica e os tuchos hidráulicos trouxeram seus benefícios tecnológicos, o bloco e o cabeçote continuam sendo fundidos em ferro e o comando de vávulas permanece na lateral do bloco, requerendo certas velharias, como varetas e balanceiros.

Era algo que se esperava, afinal. Bastava observar o leque de propulsores da Silverado (4.1 a gasolina e 4.2 turbodiesel, ambos de seis cilindros em linha) para intuir o que a sua versão "encarroçada" traria sob o capô. Apesar de previsível, porém, não deixa de ser decepcionante e confuso, pois o consumidor que escolher a GrandBlazer pelo porte terá que se contentar com um motor a gasolina de 138cv de potência, ao passo que a "pequenina" Blazer é deslocada por um 4.3V6 de 180cv. Já dá para antever que o desempenho dessa grandalhona não é lá essas coisas...

"Melhor é comprar a turbodiesel"

Reúna em um balaio os seguintes ingredientes: um motor ultrapassado, que dispõe de um pequeno range de giros - a potência máxima surge a jurássicos 4.100rpm - e uma carroceria (vazia) de 2.335kg ou 3.485kg carregada(!). Pronto. Agora aperte com força o pedal do acelerador. A Grand Blazer a gasolina levará 15 segundos para atingir os 100Km/h, apenas com o motorista. Continue firme no acelerador. Ela se esgoelará, mas não passará de heróicos 163,7km/h.

Vamos dar um desconto para esse fraco desempenho, uma vez que um utilitário dessa natureza não foi construído para fantasias esportivas. OK! Mas para quem desembolsar R$ 42,2mil para adquirir um carro confortável para a família e, ao necessitar de um motor para fazer uma ultrapassagem na estrada, não for correspondido dentro das espectativas, certamente ficará bem decepcionado.

Digamos que o passeio ideal para essa Grand Blazer é aquela viagem que se faz sem pressa, desfrutando - aí sim - o excelente nível de conforto e comodidade proporcionado aos cinco passageiros. Ela comporta facilmente três adultos no banco traseiro, o que é exatamente a maior vantagem do veículo. Atrás dessa poltrona, um porta-malas, literalmente, de encher os olhos: cabem 1550 litros de bagagem, muita bagagem. Um Ômega, por exemplo, não passa de meros 475 litros. O utilitário exibe, ainda, a virtude de um acesso aperfeicoado ao bagageiro, dividindo vidro e tampa na horizontal.

E aqui surge um enorme pecado cometido pela montadora: a ausência de uma terceira fileira de assentos. Imagine uma família de cinco crianças. Se o papai quiser desafiar a lei e levar 4 delas no banco traseiro (a quinta sentaria-se na frente, entre o papai e a mamãe, pois o banco inteiriço possibilita o assento central), sabendo que atrás só existem tres cintos de segurança, a Grand Blazer as receberá com incrível facilidade. Mas o novo código é veemente ao exigir o afivelamento dos cintos em todos os passageiros do veículo. E prender duas pessoas na mesma tira é descabido e ilegal.

Portanto, a solução para a família numerosa chamar-se-ia Grand Blazer não fosse a falta do terceiro banco. Veículos muito menores e menos cômodos que ela possuem esse artifício, como a Mitsubishi Pajero. E o pior é que um porta malas tão majestoso poderia, sim, receber o terceiro banco e ainda chamar-se porta-malas, pois continuaria restando espaço, o que não ocorre na utility japonesa. Um esquecimento da GM que poderia ser sanado rapidamente se o fabricante quiser.

De resto o veículo cumpre a rigor a sua proposta. Aqueles que estavam acostumados ao constante sacolejo fornecido pela suspensão dura da Blazer terão uma notícia muito agradável: a versão Grand desfila como uma limusine, não se contorcendo ao passar por buracos, e dificilmente repassando o movimento da suspensao ao habitáculo. E observe que ambas adotam a mesma configuração construtiva na traseira, isto é, eixo rígido e feixe de molas. Parece que se trata apenas de uma calibragem acertada.

Para o motorista, estão reservados itens de conveniência tradicionais, como direção hidráulica, regulagem de altura do volante, vidros, travas das portas, retrovisores com acionamento elétrico e um ar-condicionado, que fica devendo a função automática de controle da temperatura e circulação do ar.

Na segurança, ela exibe poucos dotes. O ABS é de série apenas nas rodas traseiras (opcional nas quatro rodas), os cintos dispões de pré tensionadores e as portas incorporam barras laterais. Airbags não são disponíveis. Já o pacote estético mostra-se mais aprimorado, composto por rodas de alumínio aro 16 e estribos pretos. Entre seus opcionais, a Grand Blazer prioriza novamente o conforto: bancos dianteiros individuais, complementados por consoles - central e no teto - e descansa-braços, toca-fitas e CD player.

É agradável guiá-la, sem dúvida, principalmente pela maciez da suspensão. O desafio torna-se contudo, manobrá-la em avenidas congestionadas, pois seu porte impede grandes façanhas no transito. Além disso, o motor a gasolina também não está a altura de sua proposta, conforme já vimos. Talvez a solução seja adquirir a versão turbodiesel, esta sim, dotada de uma unidade motriz moderna, e que desenvolve 168cv (30cv a mais).

Por não encontrar concorrentes diretos, o preço da Grand Blazer não pode ser rapidamente balizado como "atraente" ou "exorbitante". Quem comprá-la, por certo, é porque tem a necessidade de maior espaço interno, até porque seu design, frente ao da Blazer, não é nada cativante. Mas ao abrir (ou reabrir, lembrando da Veraneio) um subsegmento revela-se sempre muito importante. E a Grand Blazer DLX está sozinha.

Resumo Técnico
Velocidade máxima 163,7 Km/h
Aceleração 0 a 100Km/h 15 seg.
Consumo urbano 5,8 Km/l
Consumo rodoviário 8,2 Km/l
Comprimento 5,05m
Largura 2,25m
Porta-malas 1550 litros

Fonte: Revista Motor Show, ano 17, nº 191, Fevereiro/1999

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