REPORTAGENS


El Paso.
UMA PICAPE PARA POUCOS

A El Paso é uma picape D-10 personalizada com muito luxo pela Envemo. É a força do diesel para quem quer um carro fora do comum. E pode pagar por isso.

Reportagem de Claudio Carsughi — Fotos de Claudio Larangeira

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A El Paso é uma picape diferente, para quem quer um veículo fora do comum. Ela foi preparada com base numa picape D-10 da General Motors, num trabalho de oito meses feito pela Envemo, segundo seus diretores.

A equipe de Quatro Rodas experimentou a El Paso durante algum tempo. E, nas impressões ao dirigir, verificou que, ao lado do desempenho bom para suas caracterísficas de carro a diesel, ela é enriquecida por equipamentos suplementares de bom nível, que a tornam muito confortável e bem acabada. É a personalização que torna a El Paso semelhante a picapes norte-americanas.

Por outro lado, é preciso cuidado, porque sua relativa instabilidade condena as pretensões esportivas que a aparência sugere.

O trabalho da Envemo

A Envemo substituiu na picape D-10 a grade original por outra, de desenho próprio, com quatro faróis. E à frente dela instalou um robusto protetor, ligado ao pára-choque, que lhe confere um ar agressivo. Sob o pára-choque fica o spoiler.

A cabine foi reformada e recebeu três excelentes bancos anatômicos, muito macios, com regulagem individual. O encosto alto e o desenho em concha firmam bem o corpo. E o tecido de que são revestidos dá ao conjunto um toque de classe, como o de um automóvel de luxo.

As laterais das portas são revestidas, até a metade, com o mesmo tecido usado nos bancos. Daí para baixo com carpete idêntico ao usado no assoalho — uma forração que homogeiniza o conjunto. Nas portas são fixados amplos porta-objetos. No assoalho, bem como na parte interna da chapa corta-fogo, o bom carpete contribui para criar um ambiente muito agradável.

No painel, com seus instrumentos de série, um volante plano, de desenho exclusivo da Envemo, substitui o original, em forma de cálice.

Completando as modificações feitas na cabine, a Envemo instalou no teto o rádio AM/FM estéreo, com toca-fitas, o amplificador e quatro alto-falantes. Desses, dois são centrais e outros dois laterais. Ao mesmo tempo, para aumentar o nível de conforto, todos os vidros originais são substituídos por raiban. A rigor, falta apenas um bom aparelho de ar-condicionado, cuja colocação não ofereceria dificuldade.

A maior novidade

A maior modificação da Envemo, contudo, se concentra na caçamba. A nova utiliza todos os pontos de apoio da original, por isso a colocação rápida pode ser feita em qualquer revenda da General Motors, mesmo por pessoal sem grande qualificação. O que deve aumentar as vendas, segundo a Envemo, pois permitirá que quem já tem uma D-10 faça a transformação.

A caçamba, com o corpo de chapa e os pára-lamas laterais de fibra de vidro, saindo da linha lateral, dá à El Paso um aspecto diferente, característico, acentuado pelos filetes pintados na carroceria, bem ao gosto da maioria das pessoas que admiram esse tipo de veículo. Outra característica da caçamba são as ripas de madeira envernizada no assoalho.

Um sólido santantônio envolve a caçamba junto à cabine. O estepe fica na traseira, preso à lateral direita da caçamba, e, para que a porta se abra sem problemas, seu suporte pode fazer um movimento de rotação.

Embutidas no pára-choque traseiro há duas boas luzes de ré. E os espelhos retrovisores laterais são sustentados por suportes cromados.

Para completar o aspecto esportivo da El Paso, a Envemo a equipou com rodas Mangels especiais, com tala de 7 e aro de 15 polegadas.

Desempenho modesto

Mantendo as características da D-10, seu comportamento naturalmente não se modificou com as alterações estilísticas da Envemo. É um desempenho modesto porque esse é um carro feito originalmente mais para carga, com relações de marchas curtas e aceleração evidentemente inferior à dos automóveis modernos.

Os freios são adequados para o uso de uma picape como a D-10: bons, mas com respostas mais lentas do que as de um automóvel. Enfim, um conjunto que oferece imagem de robustez mecânica e que, usado como carro de luxo, deverá durar muito tempo sem que surjam problemas.

Naturalmente sua estabilidade é a de um veículo sem nenhuma pretensão esportiva, e assim deve ser aceito. Quem quiser usá-lo de outra forma estará se arriscando. Essa, aliás, é uma evidência que serve para qualquer veículo.

Quanto ao consumo, o motor diesel, utilizando um combustível subsidiado pelo governo, não chega a preocupar. Ao menos por enquanto, pois há comentários de que uma corrente de técnicos defende um aumento considerável do preço do diesel para que se possa com isso reduzir seu consumo.

Por fim a direção, muito pesada em manobras de estacionamento, se comparada com a dos automóveis.

De qualquer forma, a El Paso é um carro atraente para o público geralmente jovem, que admira as versões norte-americanas do gênero.

FICHA TÉCNICA
A picape D- 10, da General Motors do Brasil, utiliza o motor 4236 da Perkins. Acoplado a ele, o câmbio de quatro marchas sincronizadas, com primeira excepcionalmente curta (5,83:1). Isso permite ao veículo, mesmo quando com carga total, arrancar em ladeiras íngremes, sem problemas, mesmo com carga plena.
Motor Dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, quatro tempos, diesel, refrigerado a água; diâmetro e curso dos cilindros, 98,4 x 127,0 mm; cilindrada total, 3868 cm3 taxa de compressão, 16,01:1; potência máxima, 78 CV (57,4 kW) ABNT a 2800 rpm; torque máximo, 25,4 mkgf (249,1 Nm) ABNT a 1450 rpm; combustível: óleo diesel.
Transmissão Monodisco a seco de acionamento mecânico; câmbio de quatro marchas sincronizadas para a frente e ré, com alavanca de mudanças no assoalho; relações: 1ª) 5,83:1; 2ª) 2,85:1; 3ª) 1,56:1; 4ª) 1,00:1; ré) 5,35:1; diferencial) 3,15:1; tração traseira.
Carroceria, chassi Carroceria mista de chapas de aço e parte de fibra de vidro, picape com caçamba, duas portas, três lugares; chassi com longarinas longitudinais.
Suspensão Dianteira, independente, com molas helicoidais e amortecedores hidráulicos telescópicos; traseira, de eixo rígido, com molas semi-elípticas e amortecedores hidráulicos telescópicos.
Direção Mecânica, de setor e rosca sem fim. Redução24:1.
Freios A disco na frente e a tambor atrás, de acionamento hidráulico, com servofreio; freio de estacionamento mecânico atuando nas rodas traseiras.
Rodas, pneus Rodas de liga leve, aro de 15 polegadas e tala de 7 polegadas, pneus 7,00 x 16, oito lonas.
Dimensões Comprimento: 484,7 cm; largura: 197,6 cm; altura: 168,8 cm.
Capacidade do tanque 88 litros
Capacidade de carga (líquida) 1140 kg
Capacidade de tração 4500 kg
Peso do veículo 1 880 kg

Fonte: Quatro Rodas, Ano 23, nº 269, Dezembro/1982
Reportagem gentilmente enviada por Fernando Figueiredo

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