REPORTAGENS | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
É quando acaba o asfalto que a nova picape 4x4 da GM mostra sua verdadeira vocação: a de utilitária fora-de-estrada. Apresentada em 1987, a nova picape A-20 com tração nas quatro rodas só chegou ao mercado recentemente, com o lançamento da linha 90 da GM. Segundo a fábrica, o atraso foi conseqüência de problemas com fornecedores. Quem esperou, lucrou. O veículo que agora começa a circular pelos empoeirados caminhos do país, é, sem dúvida, um bravo utilitário fora-de-estrada. Uma valente picape, forte como um caminhão, corajosa como um jipe, e ainda com detalhes opcionais (como direção hidráulica e ar-condicionado) dignos de um carro de passeio embora ela não seja isso. A A-20 4x4 foi desenvolvida para trabalhos pesados e em regiões de difícil acesso. Seu destinatário básico são empresas de eletrificação, terraplenagem, agropecuária e congêneres. Contudo, como de uns tempos para cá andar de picape nas ruas e estradas passou a ser sinônimo de bom gosto, a fábrica decidiu diversificar a linha das A-20 com tração total. Assim, o modelo ganhou as versões Custom S e Custom DeLuxe, de duas ou quatro portas, com chassi longo ou curto (caçamba grande ou pequena) e motor 6 cilindros do Opala a gasolina ou a álcool, ou o Perkins de 4 cilindros a Diesel todas derivadas da picape 4x2 convencional. Para melhor avaliar o veículo, a QuatroRodas dividiu o teste de uma unidade da A-20 4x4 Custom DeLuxe a álcool em duas partes: a primeira no asfalto de sua pista de teste em Limeira, SP; e a outra numa viagem do fotógrafo Claudio Laranjeira ao sul da Bahia, onde o modelo foi submetido aos rigores de difíceis caminhos de terra. Do resultado disso, revelou-se um veículo com verdadeira vocação offroad, embora até possa ser usado no asfalto sob o preço de um grande consumo, conforto precário (mas só se comparado a um carro de passeio) e alto nível de ruído - principalmente por causa do eixo dianteiro, que ronca bastante. "Suspensão independente" Mas é justamente no eixo dianteiro que está a maior novidade dessa picape. Contrariando a grande maioria dos outros veículos com tração total, a A-20 4x4 tem eixo de tração com suspensão independente na dianteira, o que permite melhor contato dos pneus com o solo em terrenos difíceis e aumenta a altura livre sob o chassi, pois a "bola" do diferencial fica embutida, e não aparente. Traduzindo: seu ângulo de ataque a obstáculos é excelente. Ela encara subidas íngrimes sem que o parachoque dianteiro encoste em nada. Além disso, tanto o diferencial dianteiro quanto o traseiro são equipados com uma espécie de blocante: mesmo se uma roda estiver patinando, a outra continuará tracionando. Outra característica da A-20 4x4 (um veículo decididamente alto, mais até que as picapes A-20 convencionais) é o seu sistema de engate da tração, feito de dentro da cabine, através de uma alavanca extra junto ao câmbio, que é de quatro marchas. É possível acionar a tração 4x4 com a picape em movimento, desde que a velocidade não ultrapasse 40km/h e o motorista tenha alguma paciência, pois nem sempre essa operação é suave. Já para engatar a outra tração (a 4x4 reduzida, para esforços ainda maiores) é preciso, primeiro parar o veículo. Nada, porém, tão problemático ou cansativo. Até porque o resultado é compensador. Com a tração 4x4 (reduzida ou não) ligada, a A-20 driba obstáculos, areia ou lama com a agilidade de um carro de passeio na cidade e a desenvoltura de um trator no campo. A rigor, seu único grande defeito foi ter demorado tanto para chegar ao mercado.
Fonte: Quatro Rodas, Ano 30, Nº 354, Janeiro/1990 |
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