REPORTAGENS | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
A A-10, versão a álcool da pickup da GMB, além de confortável tem como características principais um potente motor com 122 CV, muito eficiente para o deslocamento de carga. Versátil na cidade, pode ser usada como um automóvel normal, resistente e confiável, principalmente na versão de cabine dupla. Este talvez tenha sido o último teste efetuado com uma A-10, como a conhecemos. Tradicional como a própria marca Chevrolet, a A-10, assim como as suas irmãs C-10 e D-10 e Veraneio, não sofre modificações radicais há vários anos. No entanto tem prestado, no decorrer de todo este tempo, incansáveis serviços a todos seus usuários graças à confiabilidade de seus componentes e à durabilidade de seu conjunto mecânico. Ideal para os trabalhos urbanos de transporte de carga, a versão a álcool, A-10, da GMB é uma pickup de concepção pouco sofisticada mas confortável e potente, com seu motor de seis cilindros em linha e 122 CV a 4000 rpm. Uma velha conhecida de todos dado ao seu grande emprego em todo o país, porém com uma mecânica adequada aos dias de hoje. Utilizamos a pickup em estradas de terra, secas e molhadas, no asfalto da cidade e das rodovias, perfazendo um total de 2.300 quilômetros rodados. Seu consumo médio nestas condições foi de 3,8 km/l sem carga. Na estrada com 400 quilos de carga, o consumo subiu para 3,2 rodando à velocidade máxima de 80 km/h. A suspensão dianteira, independente com molas helicoidais, é muito satisfatória. Apesar de reforçada para suportar os seus 2305 Kg de peso bruto, é macia — suficiente para um bom conforto —, absorvendo sensivelmente todo o tipo de erosões e saliências do terreno. Já na traseira com feixes de molas e eixo rígido, a conciliação das características de suporte de carga e conforto de marcha não é tão marcante, com um nível mais intenso de trepidação em terrenos ondulados e reflexos mais bruscos em buracos e valetas. O volante de grande diâmetro auxilia bastante o trabalho de direção, tornando-a macia, porém não muito precisa. O modelo que utilizávamos estava equipado com direção hidráulica, opcionalmente oferecida pela fábrica. O sistema de freio é suave e eficaz, a disco na dianteira e a tambor na traseira. A alavanca de câmbio está bem posicionada, assim como os demais comandos e instrumentos. No painel, somente o necessário: velocímetro, odômetro, marcador de temperatura e nível de combustível, luzes-espia de farol alto, do reservatório extra de gasolina, pisca-piscas, pressão de óleo, e carga de bateria. Sentimos falta de um ventilador elétrico, já que, devido ao pequeno tamanho da cabine, o problema de embaçamento agrava-se em dias de chuva. O limpador de pára-brisas com duas velocidades também é muito eficaz com uma grande varredura, auxiliado, quando necessário, pelo esguicho elétrico, disparado no próprio botão de acionamento das palhetas. Os bancos não são confortáveis, apesar das regulagens do assento e encosto. Em viagens mais longas, principalmente em estradas de terra, chegamos a sentir dores nas costas. No teto um alçapão pode ser aberto em cinco posições diferentes, auxiliando a ventilação interna. HISTÓRICO Fernando Calmon A pickup Chevrolet surgiu, em julho de 1958, identificada como 3100 e motor de 6 cilindros em linha a gasolina de 261 polegadas cúbicas, o mesmo do caminhão Chevrolet Brasil. Foi sucessora da famosa “Marta Rocha”, que recebeu este apelido por suas formas arredondadas. A primeira mudança de linhas ocorreu em 1964, quando os pára-lamas se incorporaram à carroceria. Desde então, a denominação mudou para C-14, mas o estilo permaneceu o mesmo até os dias de hoje. Doze anos se passaram até o surgimento de uma novidade, o motor opcional de 4 cilindros em linha do Opala. Dois anos depois, em 1978, apareceram a D-10 com motor diesel Perkins de 4 cilindros e 236 poI3, a C-1000 com capacidade de carga útil de 1000 kg e o modelo normal C-10 (550 kg). A maior evolução mecânica foram os freios a disco dianteiros para os três modelos. No ano seguinte, é oferecida pela primeira vez uma versão a álcool, batizada de A-10, ainda com o motor Opala de 4 cilindros. O ano de 1981 marcou a última evolução mecânica com o surgimento do motor de 6 cilindros, 250 pol3, a álcool para a A-10, e do mesmo motor a gasolina para a C-10, aposentando de vez o velho motor Chevrolet Brasil de cinco mancais. A gama atual completa de modelos inclui a A-10 (4 e 6 cilindros a álcool), D-10 (4 cilindros diesel) e C-10 (4 e 6 cilindros a gasolina); um chassi curto para 750 kg de carga útil e um longo para 1000 ou 750 kg; além da única cabine dupla fabricada em série no Brasil nesta categoria de pickup. A média de vendas éum pouco inferior a 1500 unidades por mês, mas houve um discreto crescimento no primeiro trimestre deste ano. Na divisão por motores, o diesel tem a grande preferência com quase 70% do total das vendas, enquanto o álcool responde por 26% e a gasolina por inexpressivos 4%. Esta preferência pelo diesel não parece racional, segundo a própria General Motors. Pelos cálculos da empresa, o proprietário de uma D-10 deveria rodar um mínimo de 14000 quilômetros por mês para anular a diferença de custo inicial sobre uma A-10, que custa cerca de metade do preço da versão a diesel. Voltaremos a este assunto em breve. A GM não soube precisar até que ponto a moda de incrementar pickups vem ajudando nas vendas deste tipo de veículo. Renato Zirk, gerente da Engenharia de Vendas/Veículos Comerciais da companhia, lembra apenas que “uma pickup cheia de acessórios e grandes pneus sempre se destaca dos demais veículos em meio ao trânsito, enquanto uma pickup comum, naturalmente em muito maior número, passa quase completamente despercebida”. A linha C-10/A-10/D-10 vem recuperando a liderança perdida para as F100/F-1000,da Ford, que nos últimos meses garantiu uma rápida penetração no mercado graças ao modelo Supersérie com pintura em dois tons. A GM reconheceu esta preferência do público e também já conta com o mesmo recurso, o que deve “consolidar nosso primeiro lugar em vendas nos próximos meses”, afirma Zirk. As pickups Chevrolet serão totalmente reestilizadas, quando a fábrica lançar, no inicio do próximo ano, sua nova linha de veículos comerciais. Ao volante da A-10 O motor funciona rapidamente, logo que se puxa o afogador manual àdireita do volante. Mesmo em dias mais frios não tivemos problemas com a primeira partida. No entanto, demora um pouco a esquentar, perfeitamente compreensível em motores a álcool com mais de quatro cilindros. O nível interno de ruido é muito baixo, considerando-se as suas características de utilitário. A potência transmitida às rodas élogo sentida, fazendo com que os pneus girem em falso, soltando-se a embreagem um pouco mais rapidamente que o convencional na saida. Devido aos seus dotes de veículo de carga, a relação de transmissão é um pouco curta, o que permite uma troca rápida de marchas e que em álgumas situações se saia em segunda velocidade sem problemas. Na estrada a velocidade máxima está perto de 130 km/h, ótima para uma pickup. Em estradas de terra, a A-10 tem uma tendência a entradas de curvas soltando a frente, e saídas soltando a traseira. A distribuição de peso, bem mais concentrada na frente cria uma grande tendência ao patinamento em subidas mais íngremes e em terrenos molhados. Com carga na caçamba este problema diminui consideravelmente mas pode melhorar ainda com a escolha de pneus mais adequados. Os de série, 7:00 - 16, não se mostraram adaptáveis em nenhuma das situações, a não ser em utilizações sem grandes exigências. Na terra, principalmente, o torque e rotação oferecidos às rodas perdem-se consideravelmente na ausência de um contato melhor com o solo. Conclusões Embora conserve as mesmas linhas há muitos anos, a Chevrolet A-10 dá conta do recado muito bem. Com a próxima modernização estilística reúne todas as condições de manter e até ampliar sua liderança de vendas nesta faixa de mercado. O motor a álcool de seis cilindros derivado do Opala foi bem desenvolvido e proporciona uma adequada relação peso-potência. Seu consumo é alto mas mantém-se dentro de padrões razoáveis para o desempenho que proporciona ao veículo, principalmente se comparado à versão diesel de apenas quatro cilindros.
Fonte: 4x4 & Pickup, Ano II, nº 10, 1984 |
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Voltar | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||