REPORTAGENS


AS DONAS DA RUA

Clique aqui para ampliar
Clique aqui para ampliar
Clique aqui para ampliar
Clique aqui para ampliar
Clique aqui para ampliar
Clique aqui para ampliar

Versáteis e valentes, as picapes médias de cabine dupla conquistaram o mercado brasileiro de 4x4.

Por Daniel Messeder e James Garcia - Fotos Donizetti Castilho

Com porte imponente, quatro portas, caçamba para cargas e tração nas quatro rodas, as picapes cabines duplas 4x4 são veículos ideiais para uma família que gosta de sair da rotina nos fins de semana ou então para quem precisa do carro para trabalho. Espaço para tudo e todos, robustez e uma imagem diferenciada são atributos procurados pelo consumidor desses veículos, geralmente homens acima de 40 anos que gostam de ser notados. Além desses aspectos, muitas pessoas também adquirem essas picapes pelo preço mais acessível em relação aos utilitários-esportivos. Em vez de pagar mais por uma Blazer, por exemplo, o comprador acaba optando por uma S10.

Para que você escolha a picape cabine dupla que melhor se encaixa nas suas necessidades, 4x4 & Cia reuniu as opções disponíveis com motorização turbodiesel, a mais procurada quando o assunto é 4x4: Chevrolet S10, Ford Ranger e Toyota Hilux - todas na faixa de R$ 70 mil. Antes que o caro leitor sinta falta da Mitsubishi L200 (a mais vendida desse nicho, com 29,4% do mercado em 2001), e da Nissan Frontier (dona de 4,6% de participação), esclarecemos que ambas ficaram de fora pela indisponibilidade dos carros na época da matéria, lembrando que a japonesa Frontier será substituída pelo modelo fabricado no Brasil (de uma geração mais nova) em breve.

Chevrolet S10 2.8 DLX

Apesar de ser líder absoluta em vendas no segmento de picapes médias em geral desde que foi lançada, a S10 conquistou apenas 19,2% do mercado de cabines duplas 4x4 a diesel em 2001, ficando em quarto lugar. Sua imagem, mesmo nas versões com tração nas quatro rodas, é mais ligada ao asfalto. Suspensão bastante macia, acabamento apurado e motor de alta rotação deixam a picape na medida para quem anda mais na cidade e estradas pavimentadas.

Com os 132 cavalos de potência e 34,0 kgfm de torque a 1.800 rpm gerados pelo motor MWM 2.8 Sprint, a S10 mostra boa disposição, mesmo sendo a maior das picapes avaliadas. O propulsor não é dos mais silenciosos para os padrões atuais e a relação longa "pede" constantes reduções de marcha, porém, o desempenho em altas rotações é muito bom. O modelo avaliado atinge, segundo a Chevrolet, 170 km/h de velocidade máxima e acelera de 0 a 100 km/h em 13,4 segundos. O consumo na cidade chega a 10,8 km/l e na estrada a 14,2 km/l.

O conforto é outro ponto que agrada. O espaço interno é bom na frente e razoável atrás, com a incômoda posição em que se viaja no banco traseiro, com as pernas para cima (característica de todas as cabines duplas testadas). Já a suspensão assimila suavemente as irregularidades, mas não transmite segurança em desvios de trajetória mais ousados. E os freios só têm ABS na traseira - nas quatro rodas somente como opcional.

A ergonomia para o motorista poderia ser melhorada. O volante fino não tem boa pegada e os pedais não ficam na mesma profundidade; o da embreagem é alto, o do freio fica no meio e o acelerador está muito no fundo. O câmbio, por sua vez, revela bons engates, mas ainda tem aquele "clec" característico de veículos utilitários.

Bem simples é o sistema de acionamento da tração 4x4 e reduzida. Três botões no painel permitem que a escolha seja feita (4x2, 4x4H e 4x4L), lembrando que a roda-livre é automática. Esse engate apresentou problemas na Blazer avaliada ano passado (4x4 & Cia nº 91), mas desta vez funcionou a contento, e a picape mostrou que agüenta algumas exigências na terra, sempre respeitando os limitados ângulos de entrada e saída (26º e 22ª, respectivamente). A altura livre do solo de 19,5 centímetros é prejudicada pela suspensão macia, que faz a carroceria afundar mais nos buracos e atingir o chão quando se anda mais veloz.

A S10 DLX vem equipada, de série, com ar-condicionado, trio elétrico, faróis de neblina e rodas de liga leve, deixando como opção itens como o duplo air-bag, o CD player e o alarme com abertura das portas por controle remoto. O preço sugerido para o modelo é de R$ 68.299 e o seguro chega a 16,8% do valor do carro.

FICHA TÉCNICA - CHEVROLET S10 2.8 DLX
Motor Dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, três válvulas por cilindro, 2.798 cc, turbocompressor e intercooler
Potência 132 cv
Torque 34,0 kgfm a 1.800 rpm
0 a 100 km/h 13,4 segundos
Velocidade máxima 170 km/h
Consumo cidade/estrada 10,8 km/l / 14,2 km/l
Câmbio Manual de 5 marchas mais ré
Tração 4x2 (traseira) com opção de 4x4 e 4x4 reduzida acionadas eletronicamente por botões no painel; roda livre automática
Suspensão dianteira Independente, braços inferior e superior desiguais, barra de torção longitudinal
Suspensão traseira Eixo rígido com feixes de molas semi-elípticas de dois estágios
Ângulos de entrada e saída 26º e 22º
Altura livre do solo 19,5 centímetros (aferido)
Capacidade de carga 1.010 kg
Tanque 67 litros
Preço R$ 68.269
Seguro 16,8%*

Ford Ranger 2.8 XLT

Clique aqui para ampliar
Clique aqui para ampliar
Clique aqui para ampliar
Clique aqui para ampliar

Ainda com a motorização 2.5 turbo, a Ranger respondeu por 23,8% das vendas de cabines duplas 4x4 a diesel no ano passado, ficando pouco atrás da líder L200. Na linha 2002, a picape da Ford é a que traz mais novidades: ganhou um novo motor e alterações mecânicas.

O visual foi um dos poucos pontos em que a Ford não mexeu, alterando apenas a cor das lentes dos piscas. Debaixo da carroceria, porém, muita coisa é nova. A grande diferença está no motor 2.8 Power Stroke, fabricado pela International Engines. Além da potência de 135 cavalos, o torque atinge 38,2 kgfm a baixas 1.400 rpm. O destaque do novo propulsor é o turbo de geometria variável, que opera como uma turbina pequena em baixos giros e uma maior nas altas, garantindo respostas sempre rápidas ao comando do acelerador, sem aquela demora típica de veículos turbinados.

Os números de desempenho e a sensação ao acelerar a nova Ranger agradam: segundo as medições da Ford, a picape arranca de 0 a 100 km/h em 13,8 segundos e alcança 165 km/h de velocidade máxima. E o melhor é que, pela força disponível em baixa rotação, são necessárias menos trocas de marcha. O consumo anunciado é de 9,7 km/l na cidade e 13,6 km/l na estrada.

Além do motor, a Ranger recebeu uma nova embreagem, com o pedal bastante leve, e um câmbio de engates mais precisos. A suspensão também foi modificada, com molas mais macias e amortecedores mais firmes, deixando o rodar mais suave sem diminuir a boa estabilidade nas curvas. Os freios também passaram por uma revisão, de modo a diminuir a força de acionamento do pedal, mas continua, com ABS somente na traseira - uma economia sem motivo.

Na terra, seu comportamento também foi aperfeiçoado com a adoção do bloqueio automático do diferencial traseiro, que distribui melhor a força do motor entre as rodas para garantir maior tração em pisos escorregadios e também nas curvas. O sistema de engate da tração se manteve eletrônico (funcionou bem, mas não é o mais confiável), através de um prático botão giratório no painel, que permite escolher entre 4x2, 4x4 e 4x4 reduzida. Apesar da altura livre do solo ser um pouco limitada (19 centímetros), a Ranger tem boa performance off-road, com razoáveis ângulos de entrada de 29,3º e saída de 24,9º, além da grande força para encarar as subidas com o câmbio reduzido. Andando mais rápido, a picape se mantém firme e, como as demais, escorrega de traseira no limite da aderência.

Por dentro, a versão XLT agrada pelo visual e forrações em geral (menos no teto), mas a qualidade dos plásticos deixa a desejar e faltam vidros elétricos na traseira. Já o espaço é bom na frente e semelhante as outras atrás, ou seja, incômodo.

A Ranger testada traz, como equipamentos de série, ar-condicionado, CD player, trio elétrico, duplo air-bag, faróis de neblina, rodas de liga leve e exclusiva iluminação da caçamba. Seu preço é de R$ 70.397 e o seguro sai 15,7% do valor da picape, lembrando que o consumidor pode optar pelo seguro Ford, que vem com sistema de rastreamento e custa até 50% menos.

FICHA TÉCNICA - FORD RANGER 2.8 XLT
Motor Dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, duas válvulas por cilindro, 2.785 cc, turbocompressor de geometria variável (TGV) e intercooler
Potência 135 cv
Torque 38,2 kgfm a 1.400 rpm
0 a 100 km/h 13,8 segundos
Velocidade máxima 165 km/h
Consumo cidade/estrada 9,7 km/l / 13,6 km/l
Câmbio Manual de 5 marchas mais ré
Tração 4x2 (traseira) com opção de 4x4 e 4x4 reduzida acionadas eletronicamente por botão no painel; roda livre automática
Suspensão dianteira Independente, barra de torção e barra estabilizadora
Suspensão traseira Eixo rígido com feixe de molas semi-elípticas de duplo estágio
Ângulos de entrada e saída 29,3º e 24,9º
Altura livre do solo 19,0 centímetros (aferido)
Capacidade de carga 1.040 kg
Tanque 60 litros
Preço R$ 70.397
Seguro 15,7%*
Clique aqui para ampliar
Clique aqui para ampliar
Clique aqui para ampliar
Clique aqui para ampliar

Toyota Hilux 3.0 TD SRV

Revigorada em setembro do ano passado, quando ganhou novo visual e motores mais modernos, a Hilux fechou 2001 com 22,9% das vendas do segmento das cabines duplas 4x4 a diesel, conquistando terceiro lugar. A picape da Toyota tem uma ligação mais forte com a turma do off-road. Isso fica claro pelo interior com acabamento simples - porém de boa qualidade -, pela suspensão que "alivia" pouco as irregularidades do solo e também pelo sistema de engate de tração mais resistente, feito através de alavanca no assoalho, com roda-livre automática nesta versão turbo - nas demais Hilux, o sistema é manual.

O motor 3.0 turbodiesel com acelerador eletrônico não leva a Hilux para as "cabeças" quando o assunto é desempenho, porém não deixa mais os proprietários "na mão" na hora de fazer uma ultrapassagem, por exemplo. O torque de 32,1 a 2.000 rpm e os 116 cavalos de potência permitem uma condução agradável, com boa força mesmo em baixa rotação. Destacam-se ainda o silêncio e o baixo nível de vibração. Completando o conjunto, o câmbio tem engates fáceis e rápidos.

Por dentro, o ambiente ultrapassado e simples pode decepcionar pelo preço do carro. O painel não tem as formas mais modernas; os botões do ventilador e ar-condicionado são antigos e os tecidos são rústicos. Quanto ao conforto, o assoalho alto e a suspensão bastante dura são alvos de reclamação de quem anda na picape, principalmente atrás, onde o espaço é comedido. E o vidro traseiro é fixo, não possuindo janela corrediça - item presente nas demais.

Partindo para o comportamente dinâmico, a picape da Toyota mostra-se equilibrada, transmitindo segurança nas curvas e desvios de trajetória - o volante de quatro raios de boa "pega" ajuda. Os freios também merecem destaque, apesar do pedal pesado. A Hilux oferece sistema ABS nas quatro rodas como equipamento de série.

No fora-de-estrada, ela se impõe. A tração 4x4 e a reduzida têm fácil engate e o torque do motor mostra a que veio. A boa altura livre do solo (21,5 centímetros) e o ângulo de entrada de 38º permitem a ela encarar valetas e entrar em obstáculos sem bater em algo. Na traseira, o baixo valor do ângulo de saída (20º) faz o pára-choques "visitar" o solo com mais freqüência. Como a suspensão é bastante rígida, a Hilux tende a saltar a traseira nas curvas esburacadas feitas com mais ímpeto na terra.

Em relação aos equipamentos, a picape da Toyota sai de fábrica com ar-condicionado, air-bag para o motorista, trio-elétrico e CD player, lembrando que não há opcionais. A versão avaliada sai por R$ 69.072 e tem o seguro cotado a 10,13% do valor do carro.

FICHA TÉCNICA - TOYOTA HILUX 3.0 TD SRV
Motor Dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, duas válvulas por cilindro, 2.982 cc, turbocompressor e intercooler
Potência 116 cv
Torque 32,1 kgfm a 2.000 rpm
0 a 100 km/h 15,0 segundos
Velocidade máxima N/D
Consumo cidade/estrada N/D
Câmbio Manual de 5 marchas mais ré
Tração 4x2 (traseira) com opção de 4x4 e 4x4 reduzida acionadas por alavanca no assoalho; roda livre automática
Suspensão dianteira Independente, braços duplos triangulares, barra de torção e estabilizadora
Suspensão traseira Eixo rígido com feixe de molas semi-elípticas de dois estágios
Ângulos de entrada e saída 38º e 20º
Altura livre do solo 21,5 centímetros
Capacidade de carga 1.020 kg
Tanque 65 litros
Preço R$ 69.072
Seguro 10,13%*

* Os preços de seguro foram cotados através da Collese Corretora de Seguros Ltda. Todos os cálculos são estimativos e baseados em uma pessoa do sexo masculino, casada, com 35 anos, morando na zona sul de São Paulo e com dois veículos na residência. Os cálculos podem variar para mais ou menos, dependendo do perfil do principal motorista.

Fonte: 4x4 & Cia, Ano 9, Nº 105, Abril/2002
Reportagem gentilmente enviada por Fernando Figueiredo

Voltar